Trabalhos Acadêmicos

“Clubes sociais negros: lugares de memória, resistência negra, patrimônio e potencial”

Autoria:

Giane Vargas Escobar

Os Clubes Sociais Negros tiveram papel decisivo na formação da sociedade brasileira. Romperam com os padrões de uma época, atuando incisivamente na luta contra a escravidão e a discriminação racial, sendo que o espaço mais antigo do país se localiza no RS, além de constituírem a maior representatividade até então mapeada. O problema que delineia este trabalho versa sobre quais as principais medidas que devem ser tomadas por gestores clubistas e Estado no que tange à preservação destes territórios que, ao final do século XX e início de novo milênio, vêm procurando sobreviver às intempéries da desarticulação, do descaso e pedindo socorro. O presente trabalho utiliza como metodologia a pesquisa documental e bibliográfica, além de técnicas de história oral e observação participante, com caráter etnográfico, aplicação de questionário, analisando os encaminhamentos finais do 1º Encontro Nacional de Clubes e Sociedades Negras, realizado no ano de 2006, em Santa Maria/RS, o qual representou um marco histórico na construção de um novo paradigma, com demandas registradas na Carta de Santa Maria , que apontou as principais diretrizes para as ações de dirigentes clubistas e poder público nos próximos anos. A investigação tem como objetivo principal propor a implementação de políticas públicas de preservação, manutenção, fortalecimento, difusão e salvaguarda destes lugares de resistência e identidade negra, centrando o estudo na trajetória e transformações pelas quais passou a Sociedade Cultural Ferroviária Treze de Maio, Clube Social Negro criado por ferroviários da extinta Viação Férrea de Santa Maria/RS, em especial no período do seu nascimento, de 1903 a 1914, e sua posterior revitalização como um museu comunitário que surge em pleno século XXI, como uma estratégia, uma reinvenção do patrimônio, com olhar para o passado, buscando as origens, mas com ações no presente com vistas ao reconhecimento e Registro desta centenária agremiação e outros pares como patrimônio imaterial da sociedade brasileira. Nesse sentido, considera-se como principal resultado deste trabalho a abertura do processo de Registro dos Clubes Sociais Negros do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, em 05 de novembro de 2009, o que lhe garantirá, após o inventário, a elaboração de um Plano de Salvaguarda, vindo ao encontro do que prevê a Política Nacional do Patrimônio Imaterial.

ESCOBAR, Giane Vargas. Clubes sociais negros: lugares de memória, resistência negra, patrimônio e potencial. 2010. 221 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010.

“Rainhas Negras do Clube 24 de Agosto”

Autoria:

Andressa Alves; Caroline Maria dos Santos Souza; Fernanda Vitória Nunes; Giane Vargas Escobar

O Projeto de Pesquisa Rainhas Negras do Clube 24 de Agosto: identidades, representações e trajetórias de mulheres de um Clube Social Negro na fronteira Brasil-Uruguai articula questões de gênero, raça e classe social com o objetivo de realizar uma análise cultural, em que são personagens centrais, as rainhas do Clube 24 de Agosto, da cidade de Jaguarão, Rio Grande do Sul, numa trajetória de um século de existência. A pesquisa ancora-se na teoria da interseccionalidade, buscando refletir sobre as situações de racismos pelas nas quais essas mulheres foram implicadas. Nesse sentido, pretende-se capturar as consequências da interação entre duas ou mais formas de subordinação, quer por sexismo, racismo ou patriarcalismo. Entre os anos de 2017 e 2018 realizaram-se entrevistas com 11 mulheres negras, que foram rainhas do Clube Social Negro 24 de Agosto. Os diálogos respeitaram o princípio da ancestralidade e nas primeiras interlocuções foram ouvidas as rainhas mais velhas, observando-se o pesar do falecimento da Rainha Eva Neuza. Importante ressaltar os nomes das soberanas, ano de nascimento e o reinado no Clube: Eva Neuza (1942), 1959, faleceu em 24/9/2018; Norma Regina (1949), 1971; Maria Graciema (1957), 1981; Marlete Farias (1960), 1977, ressalte-se que foi a primeira rainha da nova sede do Clube 24 de Agosto; Juliane Sampaio (1965), 1993; Iara Cardoso (1969), 1986; Jurema Cardoso (1974); 1978; Adriana Martins (1979), 1995; Keity Machado (1981), 1997; Katia Beatriz (1986), 2003. Considerando, que todas as rainhas entrevistadas começaram a frequentar o Clube muito jovens e que passaram por alguns constrangimentos e situações de racismo, o que será o tema central da investigação que realizarei ao longo da pesquisa financiada pela FAPERGS. A maioria das mulheres negras entrevistadas nasceram no município de Jaguarão/RS e relataram situações de racismo. A discriminação com os corpos negros é secular e permanece na sociedade brasileira, destruindo e levando ao genocídio a juventude negra e ao extermínio as populações negras, cite-se os casos de: Mariele Franco (27/7/1979-14/3/2018), Ágatha Felix, 8 anos de idade, morta com um tiro nas costas. O preconceito e o racismo matam. Histórias de mulheres negras são importantes, devem ser contadas e Vidas negras importam!

ALVES, A.; MARIA DOS SANTOS SOUZA, C.; VITÓRIA NUNES, F.; VARGAS ESCOBAR, G. RAINHAS NEGRAS DO CLUBE 24 DE AGOSTO. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 11, n. 2, 30 mar. 2020.

“Um banco de dados para acervo fotográfico das rainhas negras do Clube 24 de Agosto”

Autoria:

Thawane Soares; Caroline Maria dos Santos Souza; Fernanda Vitória Nunes; Giane Vargas Escobar

Este trabalho apresenta a fase inicial da proposta de sistematização do acervo fotográfico do Clube 24 de Agosto, o que permitirá as condições ideais para a difusão e acesso às imagens e informações que oportunamente serão divulgadas na internet e outros suportes da informação. Em agosto de 2019 ingressou na equipe do Projeto de Pesquisa Rainhas Negras do Clube 24 de Agosto: identidades, representações e trajetórias de mulheres de um Clube Social Negro na fronteira Brasil-Uruguai, uma estudante de ensino médio do Curso de Informática para a Internet do IFSUL Campus Jaguarão, bolsista CNPQ que vai desenvolver um Sistema de Banco de Dados para o acervo fotográfico advindo deste projeto, que é composto por 390 fotografias. A construção deste suporte da informação encontra-se em sua fase inicial e em plena execução dos objetivos e metas que se materializam com os encontros semanais com a equipe, revisão bibliográfica e apropriação de referenciais teóricos sobre Clubes Sociais Negros e o pensamento mulheres negras, continuidade da organização, guarda e acondicionamento do acervo fotográfico, em permanente doação, participação em grupos de estudos como o AFROnteiras e o NEABI Mocinha. O desenvolvimento deste instrumento de acesso à informação tem sido pensado em parceria também com o professor de informática da aluna, que está atento ao projeto subsidiando os melhores encaminhamentos. Este projeto permitirá trazer para a centralidade imagens, narrativas e histórias de mulheres negras que não estão na historiografia oficial, contribuindo desta forma para a desconstrução de estereótipos de mulheres negras, a descolonização do pensamento, por meio da valorização da beleza negra, das suas representações e do valor simbólico da estética negra, conforme Nilma Lino Gomes que nos ensina que corpo e cabelo podem ser considerados expressões e suportes da identidade negra no Brasil.

SOARES, T.; MARIA DOS SANTOS SOUZA, C.; VITÓRIA NUNES, F.; VARGAS ESCOBAR, G. UM BANCO DE DADOS PARA ACERVO FOTOGRÁFICO DAS RAINHAS NEGRAS DO CLUBE 24 DE AGOSTO. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 11, n. 2, 30 mar. 2020.

“As lutas políticas nos clubes negros : culturas negras, racialização e cidadania na fronteira Brasil-Uruguai no pós-abolição (1870-1960)”

Autoria:

Fernanda Oliveira da Silva

Esta tese investiga as experiências de sociabilidade negra na região fronteiriça Brasil – Uruguai no pós-abolição. Tem como objeto central os clubes negros criados entre as décadas de 10 e 40 do século XX, cujas expressões estão nas seguintes cidades e respectivos clubes: Jaguarão ‒ Club 24 de Agosto (1918 – até hoje); Pelotas ‒ Fica AhíPrá Ir Dizendo (1921 – até hoje); Bagé ‒ Os Zíngaros (1936 – até hoje); Palmeira (1948– ?); Melo ‒ Centro Uruguay (1923 – atéhoje).O propósito do trabalho é mapear o processo de racialização vivenciado na fronteira no pós-abolição. O recorte cronológico remonta ao surgimento dos clubes negros no Uruguai e no Rio Grande do Sul/Brasil, em 1872, e avança até a década de 1960. As fontes utilizadas foram, basicamente, imprensa negra, escritas de vivências, depoimentos orais de antigos e antigas associadas e fotografias e aquelas produzidas no âmbito dos clubes.

SILVA, Fernanda Oliveira da. AS LUTAS POLÍTICAS NOS CLUBES NEGROS: CULTURAS NEGRAS, RACIALIZAÇÃO E CIDADANIA NA FRONTEIRA BRASIL-URUGUAI NO PÓS-ABOLIÇÃO (1870-1960). 2017. 279 f. Tese (Doutorado) – Curso de Programa de Pós-Graduação em História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2017.

“Higienização e salvaguarda de acervos: o caso do Clube Social 24 de Agosto e IHGJ”

Autoria:

Nelson Corrêa; Bruna Katlin Pereira Fenza; Edegar Alonso Junior; Caiuá Cardoso Al Alam

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o projeto desenvolvido pelo Programa de Educação Tutorial (PET) do curso de História-Licenciatura da Universidade Federal do Pampa, campus Jaguarão, realizado junto ao Instituto Histórico e Geográfico de Jaguarão (IHGJ) e ao Clube Social 24 de Agosto. Este projeto busca higienizar e salvaguardar os acervos bibliográficos e documentais destas instituições, além de construir um banco de dados que leve a um maior conhecimento sobre as potencialidades destes. As atividades desenvolvidas tiveram seu início no mês de setembro de 2014 junto ao IHGJ e no mês de março de 2015 no Clube Social 24 de Agosto, e permanecem em curso até o presente momento.

CORRÊA, N.; KATLIN PEREIRA FENZA, B.; ALONSO JUNIOR, E.; CARDOSO AL ALAM, C. HIGIENIZAÇÃO E SALVAGUARDA DE ACERVOS: O CASO DO CLUBE SOCIAL 24 DE AGOSTO E IHGJ. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 7, n. 3, 14 fev. 2020.

“Clube social negro 24 de Agosto: ressignificando um acervo fotográfico centenário na cidade de Jaguarão/RS”

Autoria:

Larissa Pinto Martins, Giane Vargas Escobar

Fundado em 1918, o Clube Social Negro 24 de Agosto fortaleceu a autoestima e as identidades negras da população jaguarense. Hoje, após muitas disputas judiciais, seu prédio é considerado um Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul, demonstrando, assim, a importância deste território para a história da população negra de Jaguarão. Desta forma, o presente artigo visa discutir e refletir sobre uma proposta pedagógica em que se trabalhou com algumas imagens do acervo fotográfico desse território negro, criando narrativas que evidenciaram outras memórias e histórias até então não contadas, possibilitando aos alunos perceberem o Clube Social Negro como um lugar de aprendizado.

MARTINS, Larissa Pinto; ESCOBAR, Giane Vargas. CLUBE SOCIAL NEGRO 24 DE AGOSTO: RESSIGNIFICANDO UM ACERVO FOTOGRÁFICO CENTENÁRIO NA CIDADE DE JAGUARÃO/RS. Sillogés: Revista do GT ACERVOS: história, memória e patrimônio, Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 11-27, 03 set. 2018. Anual.

“Racismos e antirracismos a partir do clube cultural Fica Ahí pra ir Dizendo (Pelotas – RS)”

Autoria:

Patrícia Fernandes Mathias Morales
Essa dissertação aborda a coexistência e a interação entre distintos projetos antirracistas no Brasil a partir de um contexto específico: o Clube Cultural Fica Ahi Pra Ir Dizendo. Trata-se de um clube social negro situado na cidade de Pelotas (RS), que surgiu como cordão carnavalesco em 1921, tomando o estatuto de Clube no final da década de 1940, vindo a inaugurar a sua sede própria em meados da década de 1950, permanecendo ativo até os dias atuais. Assim como outras associações negras, o Clube Fica Ahi surgiu na cidade para fazer frente a uma explícita segregação, que não permitia que as pessoas negras frequentassem os espaços convencionais de sociabilidade. Articulado a um recorte de classe, o clube sempre foi tido como um espaço para a elite negra da cidade, possuindo regras de comportamento e critérios de associação rígidos, primando originalmente por um viés integracionista da “raça” negra à sociedade, com relativa adesão ao discurso de democracia racial. Ocorre que a partir do final da década de 1970, o Movimento Negro reorganiza-se no Brasil, questionando essa perspectiva integracionista e denunciando a ideologia da democracia racial como uma forma de dissimular os preconceitos e discriminações reinantes. A pesquisa aborda como esse novo discurso chega até o Clube Fica Ahi, quais impasses provoca na forma tradicional da comunidade ficahiana se relacionar com os demais segmentos negros e com as manifestações culturais afro-brasileiras. O foco da pesquisa recai sobre o período que abrange o final da década de 1970 até a década de 1990, e fundamenta-se em entrevistas semi-estruturadas e análise de documentos. Neste período, marcado pela emergência de novos discursos sobre relações raciais no Brasil e por relações cada vez mais estreitas com manifestações culturais das diásporas negras – como a black music norte-americana – a temática da “consciência negra” adentra no espaço do Clube, causando embates de várias ordens.

MORALES, Patrícia Fernandes Mathias. Racismos e antirracismos a partir do Clube Cultural Fica Ahi pra ir dizendo (Pelotas – RS). 2020. 178f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) – Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Instituto de Ciências Humanas. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2020.

“As lutas, os bailes, as retomadas: reconhecimento, identidades e cultura no processo de patrimonização do clube social negro 24 de agosto (Jaguarão – RS)”

Autoria:

Alexandre Peres de Lima
A presente pesquisa é uma abordagem antropológica a respeito do cruzamento entre políticas de salvaguarda patrimonial e processos de reconhecimento de coletivos minoritários. No caso específico aqui desenvolvido está relacionado aos coletivos negros afrodescendentes no Sul do Brasil. Nesta pesquisa sigo os coletivos denominados como clubes sociais negros. Desenvolvo uma etnografia em um local específico, o Clube social negro 24 de Agosto situado em Jaguarão, cidade da fronteira sul do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O objetivo é através dos conceitos de reconhecimento, identidades e cultura, desdobrados da pesquisa etnográfica, discutir o patrimônio como ferramenta de proteção e salvaguarda de objetos e de experiências de interesse cultural na arena pública, e de políticas de Estado. E partir disto observar a patrimonialização deste clube social negro a partir dos efeitos e dos acontecimentos sociais, culturais e políticos encetados pelas mobilizações dos participantes do clube em direção à salvaguarda patrimonial.

LIMA, Alexandre Peres de. As lutas, os bailes, as retomadas : reconhecimento, identidades e cultura no processo de patrimonização do clube social negro 24 de agosto (Jaguarão – RS). 2015. 181 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social., Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/134296. Acesso em: 16 jun. 2021.

“Edificando um Patrimônio Sentimental”: O Clube Social 24 de Agosto e seu reconhecimento cultural pelo Estado do Rio Grande do Sul”

Autoria:

Juliana dos Santos Nunes
Essa pesquisa tem a finalidade mostrar o processo de tombamento que resultou no reconhecimento patrimonial, pelo Estado do Rio Grande do Sul, do Clube Social Negro 24 de Agosto, fundado em 1918, na cidade de Jaguarão, fronteira sul do Brasil com o Uruguai. Esta associação mostra a resistência negra no pós-abolição, onde o preconceito e o pouco acesso aos espaços de sociabilidade era uma realidade vivida pela maioria dos negros do município. Apesar da preocupação de órgãos de preservação patrimonial, que o incluíram na categoria de “clubes sociais negros”, esta agremiação étnica encontrava-se, ameaçada de extinção por conta de uma ação judicial que culminou no leilão de sua sede social, o que mobilizou sobremaneira a comunidade local para a participação nesta pesquisa. O aporte teórico-metodológico desse estudo procurou o diálogo entre a antropologia e a história, realizando, concomitantemente, uma etnografia “da duração” e levantamentos em jornais de circulação local que abarcam o período compreendido entre 1918 a 1960, além da consulta nas atas do Círculo Operário Jaguarense, sociedade que mantinha intensa atividade junto à comunidade negra.

Nunes, J. dos S. (2016). “Edificando um Patrimônio Sentimental”: O Clube Social 24 de Agosto e seu reconhecimento cultural pelo Estado do Rio Grande do Sul. RELACult – Revista Latino-Americana De Estudos Em Cultura E Sociedade, 2(1), 131–148. https://doi.org/10.23899/relacult.v2i1.159

“Pontos de cultura e economia solidária: o caso do Ponto de Cultura Clube Social 24 de Agosto”

Autoria:

Gezilane Silvestre da Silva

O trabalho contribui com as pesquisas em Políticas Culturais no Brasil, especialmente em interface com campos interdisciplinares como a Economia Solidária e os Pontos de Cultura. Apresentamos um estudo destacando referências bibliográficas dessas áreas, algumas informações e indicadores culturais e, por fim, uma demonstração de caso sobre o Ponto de Cultura Clube Social 24 de Agosto na cidade de Jaguarão no Rio Grande do Sul, por meio de entrevista qualitativa em profundidade com Neir Madruga, principal referência. Observou-se, assim como boa parte dos pontos de cultura existentes no país, a autogestão, a gestão compartilhada, a horizontalidade, mas também as dificuldades próprias da burocratização do setor por meio de repasses de verbas, prestação de contas e processos judiciais.

SILVA, Gezilane Silvestre da. Pontos de cultura e economia solidária: o caso do Ponto de Cultura Clube Social 24 de Agosto. 48p. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Produção e Política Cultural) – Universidade Federal do Pampa, Campus Jaguarão, Jaguarão, 2017.

Vivências e experiências associativas negras em Bagé-RS no pós-abolição: imprensa, carnaval e clubes sociais negros na fronteira sul do Brasil – 1913-1980.

Autoria:

Tiago Rosa da Silva
Esta dissertação aborda as experiências associativas de sujeitos negros na cidade de Bagé-RS no Pós-abolição (1913-1980). Através da análise da imprensa negra, de entidades carnavalescas e de clubes sociais, pretende-se observar quais foram as estratégias acionadas por esses sujeitos para se afirmar numa localidade cujas relações sociais eram racializadas. O período que serve como palco de analise para o presente estudo é o Pós-abolição, pensando este não apenas como um marco cronológico a partir do 13 de maio de 1888. Nesse contexto, negros e negras construíram múltiplas estratégias para se afirmar na sociedade bageense. Primeiramente buscamos observar a invisibilidade da atuação de homens e mulheres negras na cidade de Bagé através das obras de historiadores e escritores locais. Em seguida iremos partir para a análise da atuação da imprensa negra bageeense, atentando para suas demandas e os seus projetos políticos; logo, será debatido a atuação de entidades carnavalescas negras, que a partir da década de 1940 se intensificaram e foram os responsáveis por dar a tônica do carnaval de rua de Bagé. Por último observaremos as vivências de dois Clubes Sociais Negros –Palmeiras e Zíngaros – e como estes foram importantes espaços de resistência de homens e mulheres negras, configurando-se enquanto verdadeiros redutos de afirmação da raça. As fontes utilizadas na pesquisa consistem em jornais da imprensa negra de Bagé, bem como o jornal de ampla circulação intitulado Correio do Sul; estatutos do Clube Os Zíngaros; fotos de entidades carnavalescas e de entidades negras locais e registros obtidos através da realização de entrevistas com membros de associações negras da cidade.

SILVA, Tiago Rosa da. Vivências e experiências associativas negras em Bagé-RS no Pós-abolição: imprensa, carnaval e Clubes Sociais Negros na fronteira sul do Brasil (1913-1980). 2018. Pelotas, 2018. 180 f.

“O Clube Recreativo Gaúcho: um clube social negro em Jaguarão (1930-40)”

Autoria:

Caiuá Cardoso Al-Alam

Os estudos sobre o associativismo negro no Rio Grande do Sul tem crescido na última década. Localidades diversas do Estado tem tido suas redes de instituições das comunidades negras evidenciadas, inclusive em cidades onde era negada a presença de africanos/ as e seus/suas descendentes e que hoje ganham outra dimensão das suas memórias históricas. Dentro do associativismo negro, tem sido estudados cada vez mais os clubes sociais negros. Jaguarão tem sido um foco destes estudos com o objeto de pesquisa centrado no Clube 24 de Agosto que em 2018 completou cem anos. Houve pelo menos mais dois clubes sociais negros no município: Clube Suburbanos e Clube Recreativo Gaúcho. O Suburbanos foi fundado em 1962 e teve suas atividades encerradas por problemas administrativos no início dos anos 2000. Já foi foco de alguns estudos, mas curioso era o caso do Gaúcho. O Clube aparece nos relatos da comunidade negra com informações esparsas, o que foi um difícil desafio. No trabalho de pesquisa, descobrimos que o Gaúcho foi fundado no dia 6 de outubro de 1932. Teve atividades destacadas entre as décadas de 1930 e 1940. Tinha estreitas relações com o Clube 24 de Agosto, que na época já era uma agremiação com sólida representatividade. Na década de 1940 o Clube organizava festivais culturais no principal Teatro da cidade, o Esperança, e estava envolvido com o carnaval a partir do Cordão Carnavalesco Malandros do Amor. O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de pesquisa que busquem caracterizar esta sociedade recreativa que por muito tempo teve sua memória, se não esquecida, pouco evidenciada. A história do Clube Recreativo Gaúcho, o segundo clube negro a ter atividade na cidade fronteiriça de Jaguarão.

AL-ALAM, Caiuá Cardoso. O CLUBE RECREATIVO GAÚCHO: UM CLUBE SOCIAL NEGRO EM JAGUARÃO (1930-40). In: 9° ENCONTRO ESCRAVIDÃO E LIBERDADE NO BRASIL MERIDIONAL, 9., 2019, Florianópolis. Anais […] . Florianópolis: Ufsc, 2019. p. 1-15.

“Rainhas negras do Clube 24 de Agosto: identidades e representações de mulheres na fronteira Brasil-Uruguai”

Autoria:

Shirlei Rosa; Gabriela Oliveira de Aveiro; Karina Constantino Brisolla; Giane Vargas Escobar

O presente trabalho aponta os resultados iniciais do projeto Rainhas Negras do Clube 24 de Agosto: identidades, representações e vivências de mulheres de um clube social negro na fronteira do Brasil-Uruguai. A investigação articula questões de gênero, raça e classe com o objetivo de realizar uma análise cultural (Guerra, 2010), em que são centrais as rainhas dos certames de beleza realizado pelo Clube 24 de Agosto, na cidade de Jaguarão, Rio Grande do Sul, ao longo de sua trajetória de um século de existência. A pesquisa ancora-se na teoria da interseccionalidade, termo cunhado por Kimbele Crenshaw, em 1989, com vistas a discutir qual era o lugar que as Rainhas do 24 ocupavam no interior da sociedade negra e como se davam as relações de gênero, raça e classe no interior do clube, bem como com outras sociedades. Essa teoria, mesmo sem ser utilizada com esse nome já era uma prática nos estudos e reflexões de Davis (2016) e Gonzalez (Rattz e Rios, 2010) no início dos anos de 1980. Essa investigação alia-se às teorias preconizadas por intelectuais negras como Sueli Carneiro, Angela Davis, Kimberlé Crenshaw, Lélia Gonzalez, bell hooks, Neusa Santos Souza, o que nos permitirá perceber as várias formas de opressões combinadas ou entrecruzadas no interior do clube negro e na sociedade jaguarense. Essa investigação ancora-se, ainda, nos conceitos de identidade e representação de Stuart Hall que preconiza uma não fixação das identidades, já que essas mulheres certamente constituem um grupo que não é homogêneo, por isso a importância de se perceber as diferentes identidades negras forjadas no interior da agremiação negra e que constituem uma forma específica de ser mulher na sociedade jaguarense. O Clube 24 de Agosto completa 100 anos de existência, resistência e resiliência no ano de 2018 e as histórias das mulheres que conquistaram títulos nos certamente de beleza do clube social negro de Jaguarão são educativas, pedagógicas e importantes, além disso, em sua maioria fazem parte de um grupo específico de mulheres que durante muito tempo tiveram suas trajetórias e narrativas negligenciadas pela historiografia oficial e/ou apropriadas e contadas sob o ponto de vista de pesquisadores não negros, o que também se constitui em importante registro. Essa é uma oportunidade de, a partir desse projeto, assumir um lugar de fala, lançando um outro olhar e uma outra perspectiva de narrativa, sob o pensamento de pesquisadoras negras, que também se colocam como sujeitas de enunciações.

ROSA, S.; OLIVEIRA DE AVEIRO, G.; CONSTANTINO BRISOLLA, K.; VARGAS ESCOBAR, G. RAINHAS NEGRAS DO CLUBE 24 DE AGOSTO: IDENTIDADES E REPRESENTAÇÕES DE MULHERES NA FRONTEIRA BRASIL-URUGUAI. Anais do Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 9, n. 2, 3 mar. 2020.

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